OGUM
Filho de Yemanjá ou Odudua com Oxalá. Ogum data de tempos
proto-históricos e pré-históricos, violento e pioneiro, suas armas foram
primeiro de pedra, depois o ferro. Sua primogenitura converte-o em quase irmão
gêmeo de Exu.
Deus da guerra, imagem ou arquétipo do soldado, Ogum é também o deus do
ferro, da metalurgia. Do ferreiro ao cirurgião, todos os que utilizam
instrumentos de ferro (e o aço por consequência) em seu trabalho :
agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros,
militares escultores e outros que se juntaram ao grupo desde o inicio do
seculo; mecânico e motoristas; estão sintonizados com a energia de
Ogum.
Nesse sentido ele é o arquétipo da conquista da civilização
humana, consolidada na idade do ferro.
Orixá de personalidade violento, obstinado, constante, viril,
disciplinado, quando não rígida historicamente, teria sido o filho
mais velho de Odudua, o fundadora de ifé, usando o titulo de Oniré (Rei de
Irê), por se apossar da cidade de Irê, matando seu rei, usava um diadema,
chamada akoró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nomes de Ogún,
Oniré e Ogum Alaàkoró, inclusive no Brasil, trazidos pelos descendentes dos
Yorubás.
Ogum é unico, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete
partes. Ogum Mejeje Loode Iré, frase que faz alusão as sete aldeias, hoje
desaparecidas, que existiram em volta de Irê. O numero 7 é associado a Ogum e
ele é representado nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de
ferro, em número de 7, 14 ou 21, pendurados numa haste horizontal, também de
ferro : lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e
enxó, símbolos de sus atividades.
• Fundamentos : Ogum-Já ---> Fundamento com Oxalá, Oxaguiã, Iemanjá e Oxum
Ogum-Ajá ---> Fundamento com Obaluaiyé e Sakapta
Ogum-Naruê ---> Fundamento com Oxum Caré
Ogum-Alé ---> Fundamento com Oxum Opará
Ogum-Wári ---> Fundamento com Exú e Oxóssi
Ogum-Dagolonakólá
---> Fundamento com Exú e Obaluaiyé
Ogum-Meje ---> Fundamento
com Iansã e Ossaim
Ogum-Biole ---> Fundamento com Oxalufã
Ogum-Onije ---> Fundamento com Omulú
Ogum-Lebédé ---> Fundamento com Exú e Xangô
Ogum-Obefarán ---> Fundamento com Exú e Oxóssi
Ogum-To ---> Não tem
fundamento com outros Orixás
Ogum-Sorokê ---> Fundamento com Exú e Omulú (se veste com mariwo)
Ogum-Sogún ---> Seis
meses Exú e seis meses Ogum
• Características : ○Saudação ---> Patakory Ogum ! (importante,supremo Orixá em nossa cabeça)
Ogum Yé ! (Ogum sobrevive forte)
○Símbolos ---> Ferramentas em forma de leque, representando os 7
caminhos, e pás, ancinho, enxada, foice, picareta, martelo, espada, bigorna e
todas as ferramentas de agricultura e de guerra feitas em aço e ferro.
○Dia da semana
---> Terça-feira
○Dia do ano
---> 23 de Abril (RJ) / 20 de Janeiro (BH)
○Sincretismo
---> São Jorge (RJ) / São Sebastião e Santo Antônio (BH)
○Elemento ---> Fogo
○Reino Vegetal
---> Ervas, frutas (manga espada, banana, cebola,etc), flores (crista de
galo, palmas vermelhas)
○Reino Animal
---> Cavalo, cavalo marinho, cachorro e gavião
○Odu principal
---> 3 Eta Ogunda
○ Cores ---> Azul royal e branco
○Armas ---> Escudo e espada
○Cristal ---> Lapis Lazuli
○Kisilas
(problemas com) ---> Alguns crustáceos, cajá e quiabo
• Ervas : Mariwô = Folha de
palmeira de dendê
Espada de ogum
Odun-dun = Folha da costa (saião)
Teterégún = Canela de macaco
Monam = Parietária
Orin-rin = Alfavaquinha
Piperégún = Nativo
Obô = Rama de leite
Eregê = Erva tostão, graminha
Ibin = Folha de bicho
Afoman = Erva de passarinho
Omun = Bredo
• Lenda :
Oyá era a companheira de Ogum antes de se tornar
mulher de Xangô. Ela ajudava o deus dos ferreiros no seu trabalho; carregava
docilmente seus instrumentos, da casa a oficina, e lá manejava o fole para
ativar o fogo da forja. um dia, Ogum ofereceu a Oyá uma vara de ferro,
semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir em 7 partes
os homens e em 9 as mulheres que por elas fossem tocadas no decorrer de uma
briga.
Xangô gostava de vir sentar-se a forja a fim de
apreciar Ogum bater o ferro, e frequentemente, lançava olhares a Iansã; esta
por sua vez, também o olhava furtivamente. Xangô era muito elegante, seus
cabelo eram trançados e usava brincos, colares e pulseira.
Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá.
Aconteceu então o que era de se esperar : um belo dia, ela fugiu com Xangô.
Ogum lançou-se a sua perseguição, encontro os fugitivos e brandiu sua vara
mágica, Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo e assim, Ogum foi
dividido em 7 partes e Iansã em 9 partes, recebendo ele o noma de Ogum-Mejé e
ela o de Yansã, cuja origem vem de Iyámésan (a mãe transformada em 9).
Ogum e xangô nunca se reconciliaram,
e vez por outra, se degladiavam nas mais absurdas disputas. Certa vez Ogum
propôs a Xangô que dessem uma trégua em suas lutas, pelo menos até a próxima lua que chegaria. Xangô fez alguns gracejos aos quais Ogum revidou, mas decidiram por uma aposta, continuando assim a disputa.
Ogum propôs que ambos fossem a praia e recolhessem o maior numero de búzios que conseguissem e quem vencesse daria ao perdedor o fruto da coleta.
Deixando Xangô, Ogum seguiu para a casa de Oyá e solicitou-lhe que pedisse a Ikú (morte) que fosse a praia no horário em que ele havia combinado com Xangô Oyá exigiu uma quantia em ouro, o que prontamente recebeu de Ogum. Na manhã seguinte, Ogum e Xangô se apresentaram na praia, iniciando a disputa.
Vez por outra se entreolhavam, e Xangô cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. O que xangô não percebeu é que Ikú havia se aproximado dele. Xangô levantou os olhos e se deparou com Ikú que riu de seu espanto. Xangô largou sua sacola com os búzios colhidos e desesperado se escondeu de Ikú. A noite ogum procurou Xangô mostrando seu espólio. Xangô, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreio o fruto de sua coleta.